domingo, 24 de fevereiro de 2008

Vendo o Oscar, de madrugada

Os irmãos Cohen merecem o Oscar. Só a piada com o tempo para agradecimentos já vale a estatueta.
Eu é que acho que não mereço a sorte que tenho. Devia ter terminado meu capítulo da dissertação sobre Indústria Cultural ao invés de assistir a cerimônia.
De que vale estudar tanto as mazelas do mundo do espetáculo se sou tão fascinado por ele quanto quem nunca leria Adorno?
Amanhã farei tudo direitinho, prometo.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Educação - casos verídicos

Uma pessoa prepara um projeto, extremamente bem feito e bem estruturado, para dar aulas com e sobre a televisão brasileira.
O projeto passa por um processo de seleção, a pessoa é entrevistada por coordenadores pedagógicos, a viabilidade é debatida exaustivamente. Ele é aprovado com a condição de ser aplicado em toda a sua riqueza de propostas.
A pessoa se prepara, então, para a primeira aula, o primeiro contato com os alunos: grava vídeos, xeroca textos, organiza uma explicação.
A pessoa se depara, então, com a primeira pedra no caminho: constata que a escola estadual na qual desenvolverá seu projeto não possui nenhuma sala com tomada funcionando. Todas as tomadas foram destruídas pelos alunos com a introdução de objetos.
A pessoa pasma. Mas insiste. Procura a coordenação e pergunta se não há nenhuma possibilidade para ligar os aparelhos da escola (afinal, argumenta, é um trabalho sobre televisão). A coordenação diz que a realidade é aquela, e que a pessoa tem de usar a criatividade para driblar a situação.
Não, a coordenação não diz que chamará um eletricista para consertar ao menos uma tomada de uma sala. A realidade é aquela, é preciso usar a criatividade para driblar a situação.
Não tem tomada. O projeto é sobre televisão. Mas a realidade é aquela, é preciso usar a criatividade para driblar a situação.

A pessoa existe. A escola existe. A situação não foi ficcional.
Sejam bem-vindos a meu blog.
Aqui vou tentar expor minhas opiniões e compartilhar percepções do mundo.
Espero que funcione bem.

Para começar, uma obra-prima de elevação espiritual do mestre Cruz e Sousa, que será, não à toa, o título do blog:

Sorriso Interior

O ser que é ser e que jamais vacila
Nas guerras imortais entra sem susto,
Leva consigo esse brasão augusto
Do grande amor, da nobre fé tranqüila.

Os abismos carnais da triste argila
Ele os vence sem ânsias e sem custo...
Fica sereno, num sorriso justo,
Enquanto tudo em derredor oscila.

Ondas interiores de grandeza
Dão-lhe essa glória em frente à Natureza,
Esse esplendor, todo esse largo eflúvio.

O ser que é ser tranforma tudo em flores...
E para ironizar as próprias dores
Canta por entre as águas do Dilúvio!