domingo, 19 de outubro de 2008

Minha final de Winbledon

Uma das manias que adquiri durante essa longa espera pelo dia da defesa de mestrado foi a de fuçar o Youtube à procura de vídeos de atletas em momentos de glória.
Um dos meus vídeos favoritos é o que traz os 13 pontos finais dos Grand Slams conquistados por Roger Federer.
Federer (muito mais pela figura pública que é, que pelo talento que tem) angariou minha simpatia a tal ponto que torço por ele como se fosse meu clube de coração. Reconheci nele um certo sentido de dignidade, tanto na vitória quanto na derrota, que sinto me faltar nos momentos decisivos da minha vida. Ainda não aprendi a perder de cabeça erguida, nem a dimensionar a importância das minhas vitórias. Provavelmente porque ainda não aprendi a reconhecer meus potenciais e meus limites.
Na última quinta-feira, 16 de outubro, defendi minha dissertação. Minha preparação, que envolveu dois dias de isolamento em um hotel e duas noites passadas em claro, dava a entender de que eu enfrentaria Nadal na final de Winbledon. Fui para a USP duas horas mais cedo, como quem vai para uma partida decisiva. Eu quase não falava, não conseguia ficar parado, respirava mal.
O problema foi que o jogo não teve adversários: jamais poderia chamar assim os simpáticos argüidores que teceram muitos elogios ao meu trabalho e fizeram poucas, justas e precisas críticas ao meu texto. Meu adversário foi, ao contrário, meu cérebro que, consumido pelo cansaço e pelo desgaste da véspera, parecia resistente às questões simples que me foram dirigidas.
O fim da argüição me daria a oportunidade de me jogar no meio da quadra e chorar, tendo atingido o máximo de empenho e esforço que se poderia esperar de minha atuação. Chorar, chorei. Mas sentindo que a semifinal, as quartas e as oitavas tinham sido o grande desafio. Na final, apenas domei o oponente chamado expectativa, especialista em jogar nos meus erros.
Voltei para erguer o troféu diante da pequena e maravilhosa platéia que me aplaudia. Nunca saberei o que Federer e Nadal sentiram quando ergueram os deles. Sei que venci a mim mesmo nesses quatro anos de luta, e terei sempre em comum, com eles, essa alegria indescritível, tão nossa, de atingir um grande objetivo.