domingo, 1 de março de 2009

Oscar 2009

O Oscar é uma festa estranha para mim. Lembro-me de não ter perdido praticamente nenhuma premiação desde que era pequeno. Sempre vejo, sempre aprecio a alegria dos vencedores, sempre fico imaginando o grande prazer que é estar ali. Mas acho esquisito porque, geralmente, assisto os filmes depois da premiação. Isso me obriga a "torcer errado", ou seja: às vezes, por causa do clima da festa, ou da comparação de semblantes, ou mesmo da lembrança de um um trabalho anterior de determinado artista, fico na expectativa de que alguém seja premiado, mesmo sem saber se merece ou não por aquele trabalho que concorre.
Foi o caso, por exemplo, do diretor Ridley Scott. Quando Gladiador ganhou como melhor filme, achei uma injustiça ele não ter recebido o prêmio de melhor diretor. Eu o associava a duas obras que muito me chamaram a atenção, Alien, o oitavo passageiro e Blade Runner. Eu queria que ele ganhasse.
Passado algum tempo, tive oportunidade de ver Traffic, de Steven Soderbergh, e também Gladiador. E cheguei à conclusão de que não só estava correto premiar a direção deSoderbergh, como também teria sido justo Traffic receber a estatueta de melhor filme. Scott, por certo, mereceria até o Oscar por outros filmes; não por Gladiador. E Soderbergh, de quem nada conhecia até então, sobrava na direção de atores e na condução da trama de seu filme.
Mas como eu poderia saber, sem ter visto nenhum dos dois e confiando apenas nos sucintos comentários da transmissão brasileira? É nessa situação que sempre me encontro quando atravesso a madrugada acompanhando a festa: escolho alguém com quem simpatize e torço para que ganhe o prêmio. Mas com um pé atrás, porque sei que posso me arrepender depois.
Este ano, por exemplo, fiquei feliz de ver tantos indianos recebendo prêmios por causa do Quem quer ser um milionário?. Eles pareciam simpáticos, e estavam radiantes (é gostoso ver a alegria alheia). Mas não vi o filme, não sei se é filme para oito Oscars, ou mais, ou menos. Torci por eles, sei lá por que razão, mas pode ser que os outros tenham sido melhores. Mais pra frente saberei.
O que pude confirmar, este ano - com certo atraso, bem sei - foi a injustiça da premiação de 1991, referente a 1990. Admito que Dança com Lobos é um filme bacana, bonito, com uma mensagem edificante. Nunca o vi como um filme para ganhar Oscars, quanto mais sete. Hoje, posso afirmar com tranquilidade: não dá para compará-lo a O poderoso chefão III. O filme de Coppola é muito melhor, mais dinâmico, mais questionador, mais profundo. Fecha com vigor, embora com menos impacto, a trilogia mais instigante do cinema moderno. Pude vê-lo esta madrugada, depois de ter revisto as partes I e II, de uma caixinha remasterizada que ganhei de presente.
Lembro-me de que essa cerimônia, de 2001, foi uma das poucas que perdi. Talvez tenha sido indignação posterior intuída. De qualquer forma, recomendo a fruição comparativa dos dois filmes, para quem quiser tirar a prova.