Estive de cama estes últimos três dias. Em tempos de gripe suína, a gente não pode bobear. Com o corpo doendo, e problemas de respiração, me coloquei em estado de observação, até melhorar ou ir definitivamente ao médico. Nesse período de repouso, li uns livros, assisti a alguns filmes, mas, principalmente - coisa que só tem como acontecer nas férias - vi vários programas de televisão.
Fiquei incomodado com o fato de muitos dos programas que vi insistirem numa mesma fórmula apelativa: fazer chorar seus participantes. Na TV por assinatura, vi dois programas relacionados à aparência das pessoas, um chamado "10 anos mais jovem" e o outro "Esquadrão da moda". As meninas que protagonizaram esses programas queriam mudanças em seu visual, para parecerem mais belas ou mais sexys. São reality-shows interessantes, sem dúvida, cujos ápices são as transformações finais e o ganho de autoestima das participantes. Pergunto: nos dois casos, qual foi a reação que coroou essa mudança para melhor diante das câmeras? Resposta: o choro agradecido de ambas.
Além desses programas estrangeiros, vi os shows de auditório de Luciano Huck, Netinho de Paula, Silvio Santos, e outros de que não me lembro o nome. Em quase todos, há alguém despossuído, pobre ou desempregado solicitando algo, que lhe será dado em frente às câmeras - em troca de alguma apresentação, ou mesmo sem contrapartida - para que esse ser humano possa se sentir melhor de alguma forma. Novamente me chamou a atenção que o clímax dessa boa-vontade televisiva é, em 100% dos casos, o choro, mais ou menos contido, do beneficiado.
É impressionante o quanto o choro das pessoas comuns é explorado nos programas de televisão a que assistimos. Se é, na maioria dos casos, um choro de comoção pela conquista de algo, menos mal. Mas, depois de algumas horas na frente da tela, o telespectador fica com a impressão de que já viu aquela cena, e não poucas vezes. Será que a comoção não perde um pouco de seu efeito quando fica inserida numa lógica tão evidente, pouco criativa e previsível?
É curioso isso me incomodar, porque sou extremamente emotivo e choro com facilidade. Se o choro parece um recurso superexplorado até para alguém como eu, é porque tem havido, por certo, exagero. Creio que há outras manifestações da emoção humana tão transbordantes quanto as que tem sido exaustivamente exploradas pelos "shows da vida" que invadem nossas casas.
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