Venho cumprindo rigorosamente uma das decisões de ano novo que estariam, noutros tempos, fadadas ao esquecimento: cuidar da minha saúde.
Em anos anteriores, minha insaciável necessidade de aprovação externa fez com que eu tentasse abraçar o mundo com as pernas, e todos sabem que o preço disso costuma ser dramaticamente alto.
Resolvi, então, mudar de rumo. Venho me alimentando melhor, evitando trash food e investindo em refeições no lugar de lanches.
Venho frequentando com assiduidade a academia de musculação, sem pressa de resultados, porque não tenho mais 20 anos, e porque sei que minhas belezas vêm de fontes diversas, às vezes invisíveis.
Tratei de fazer alguns exames preventivos de problemas que volta e meia reaparecem. O primeiro resultado foi animador: não tenho mais cálculos renais a eliminar, o que mostra que o novo hábito de beber líquidos constantemente deu resultado. O segundo foi engraçado: pensei que tinha um monte de verrugas novas, mas na verdade são erupções de pele que aparecem em pessoas que engordam muito (o médico precisava ser tão claro? ;-)). Nada que um tratamentozinho não resolva, ainda que implique em dez dias sem perder calorias na esteira, já que a área envolvida localiza-se entre as coxas. (Aproveito esse tempinho que sobrou para atualizar o blogue.)
Decidi, também, não fazer nenhuma loucura profissional. Limitei as aulas noturnas a três dias por semana, vou fazer os estágios que devo na Uninove na medida do possível e vou me permitir cortar ou adiar tudo o que interferir diretamente em minha saúde.
Esses dias, alguém me disse algo bacana. Disse que ter quarenta anos hoje equivale a ter vinte em outros tempos, porque as pessoas chegam mais inteiras a esse período da vida, e podem, com a estabilidade profissional, empreender iniciativas até então podadas pela falta de dinheiro ou por outras urgências. Gostei muito desse raciocínio. Caiu como uma luva neste que vos escreve, que vai publicar um tão sonhado livro nos próximos meses e planeja construir, finalmente, um trabalho musical consistentemente produzido.
Eliminadas as pressões da busca do sucesso a qualquer preço, da insegurança em relação aos próprios potenciais, da necessidade de aprovação social explícita, da instabilidade emocional interior da juventude, parece que tudo começa a se encaixar na mente da gente, e os passos são menores, mas mais firmes e calculados. O saber acumulado, a saúde física, a confiança na capacidade profissional e o autoconhecimento somam-se, formando um todo maior que as partes. Tenho vontade de fazer muitas coisas boas, não somente porque sejam boas para mim, mas também porque são boas em si mesmas. Posso aturar fases mais difíceis e tarefas menos gloriosas, porque não preciso mais brigar com o que a vida me oferece. Enfim, quero estar melhor comigo mesmo, e romper em definitivo os contratos com as expectativas dos que não sabem quem realmente sou.
Tenho o compromisso de terminar 2011 inteiro, por dentro e por fora. Já consegui a sexta parte disso. E foi muito bom.
3 comentários:
Poderiamos dar aos seres humanos o nome de "seres humanos-árvores", pois com elas temos muito mais em comum que com o macaco...Observe então que acabamos de ser fecundados no interior escuro, quente e úmido da matriarca, e qual será a posição que estaremos com o passar dos dias e semanas? Oras, posição fetal, claro que você sabia...mas já percebeu a posição do embrião de uma semente de árvore? Não saberia dizer qual o nome dado para esse aspecto da flora, mas eu nomearia, posição fetal-vegetal...
Como as árvores crescemos e podemos ser de grande auxílio...podemos frutificar e saciar a fome e a sede de outros, podemos amaciar a terra dura para nossas irmãs, fazer sombra no ardor do meio-dia ou ainda controlar a respiração de um mundo.
Há, é claro, aquelas árvores que se agarram ao tronco de outras e como hóspedes se instala infinitamente, sorvendo uma parte de sua anfitriã...
Só que às vezes precisamos de poda...tirar o excesso de peso inútil de nossos galhos para poder crescer ainda mais...é..paradoxos, paradoxos, paradoxos...cortar para crescer...
excelente texto!!! e um excelente exemplo... acho que ainda há tempo pta eu fazer essa mesma meta pra 2011 né?! rs
besos
Pois é, num é... zé...
tudo vero...
tenho cá comigo, poeta, tudo igual...
mesmos sonhos.. mesmos ideiais
é uma honra compartilhar de ideiais
tão nobres com alguém como você...
sabe que... se precisar... estou tão perto que é só chamar... mesmo que sua mão ainda não possa me tocar.
forte abraço amigo...
Flávio Mello
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