Hoje, fui vistar a Bienal. Ganhei um ingresso cortesia, provavelmente em função do lançamento do meu livro pela Scortecci no início do ano.
Em todos os anos que visitei a feira (como em quase todas as feiras de livros a que vou), gastei muito dinheiro, muito mesmo, chegando a pagar prestações por meses. Sempre saí com muito material bacana, de qualidade, mas a verdade é que não consegui usufruir de tudo o que comprei das outras vezes. O tempo urge, as atividades são muitas e a leitura de um livro deve ser feita com carinho, com fruição. Sendo assim, fui com o propósito firme de não comprar nada que não fosse absolutamente necessário.
Não foi difícil cumprir essa determinação. Fui naquele que é talvez o pior dia para visitação, o sábado. Encontrei o evento lotado, abarrotado, com muitas crianças e adultos. Caminhar era quase impraticável. Ainda mais porque o gostoso é caminhar observando os estandes; mas se eu prestasse atenção neles eu acabaria atropelando as pessoas. Difícil curtir um ambiente em que você passa mais da metade do tempo se livrando de aglomerados e achando brechas na confusão dos corredores. Não consegui ficar nem uma hora lá dentro.
Um fato curioso foi que passei por acaso por uma turba gritante, e quando me dei conta estava a dois metros de José Serra. Muita gente ao redor, querendo tirar fotos, ganhar um abraço, tirar qualquer casquinha que fosse. Acho que deve ter sido o mais próximo que já cheguei a ficar de um ex-governador. Eu não gosto de tietagem nem de aglomerados, mas não deixei de observar o tumulto e sacar coisas curiosas: muitas pessoas ali queriam apenas fazer algazarra e aparecer em fotos ao lado de qualquer celebridade que fosse, não necessariamente daquela específica que estava por ali no momento.
Tenho a impressão de que a Bienal está inchada, voltada muito mais para a venda efetiva e massiva de livros que para os eventos com autores e profissionais do setor. Não sei porque isso acontece, e não sei se é bom ou ruim. Apenas creio que um evento desse porte se torna mais interessante se assume mais a condição efetiva de "evento" que a de "feira com eventuais palestras". Mas pode ser que essa orientação atual traga mais pessoas para o consumo de livros. Não sei avaliar. Não sei nem se minha percepção foi correta, porque fiquei muito pouco.
Por fim, há algo que considero perfeitamente dispensável para a Bienal. Aliás, para qualquer evento. Trata-se da abordagem promovida por certas editoras, em que os vendedores dirigem-se a todo e qualquer passante oferecendo brindes e coisas do gênero e depois tentam enrolá-lo para que assine alguma revista. Alguns dizem que enviarão um brinde gratuito ou darão uma assinatura gratuita de presente, pegam os dados da pessoa e a transformam em assinante involuntário. Essa estratégia é absurdamente desonesta e tremendamente incômoda. Não sei como é possível que no maior evento de livros do país a organização permita uma atuação tão agressiva e antiética de uma empresa. Vacinado contra isso, passo longe dos que me oferecem brindes. Nunca sei se são brindes ou armadilhas, e isso é muito triste, porque posso ter perdido uma série de coisas interessantes a que tinha direito.
De resto, foi uma visita cansativa e serviu basicamente para matar a curiosidade sobre o estande da Scortecci. Em 2014, espero ter disponibilidade física e temporal para mais.
Um comentário:
Muito bacana o post, "teacher"!
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