Eu sempre voto, pois creio que, por mais defeitos e imperfeições que carregue, a democracia não é uma farsa. Ela pode ser insuficietne, excludente, cheia de problemas, mas ela é sempre um indicativo mais seguro e honesto que as outras formas de representação. Por isso, não voto nulo, e também tenho consciência de que faço uma escolha entre as possibilidades oferecidas, e não uma adesão cega a uma ideologia. Posso criticar quem ajudei a eleger, sem problemas. Faz parte do jogo.
Para deputado estadual, votei em Eduardo Amaral, do PSOL, porque o conheço muito bem (fui seu colega na Faculdade de Filosofia) e sei de sua defesa apaixonada pela educação pública, gratuita e de qualidade. Sei também que ele faria oposição consciente e consistente à gestão Alckmin nessa área (eu já tinha bem claro que Alckmin seria eleito). Votei na pessoa, com ressalvas em relação ao partido, e ele não se elegeu.
Para deputado federal, votei em Ivan Valente. Também um coerente defensor da educação, Ivan fez um bom papel na última legislatura, e achei que ele merecia um segundo mandato. Eu tinha dúvidas sobre a eleição de Dilma, então achei que um deputado do PSOL seria oposição em qualquer circunstância, e a causa da educação não estava bem representada em nenhuma das candidaturas com chance de vitória. As mesmas ressalvas ao partido que fiz no caso do Eduardo valem para o Ivan, que conseguiu se eleger.
Para governador, votei em Aloísio Mercadante, porque representava uma possibilidade de rompimento com a sequência de governos tucanos em São Paulo, que, para mim, já esgotou sua viabilidade. Não gosto do que Aloísio pensa em relação à educação, aprovo sua visão de segurança pública e tenho ressalvas ao PT paulista, que não se estendem ao PT nacional. As outras opções, considerei-as incógnitas políticas: Skaf e Russomano (este último, sem chance, por estar na legenda de Maluf). Aloísio não foi eleito.
Para senadores, votei em Marta Suplicy, por suas ideias sempre arrojadas e por ter gostado de sua atuação como prefeita, e em Marcelo Henrique, do PSOL, por exclusão e quase como um voto na legenda. Excluí da lista Aloysio, por ser tucano, Quércia (descanse em paz), pela administração questionável, Tuma (descanse em paz), por discordâncias fundamentais, e Netinho, embora fosse o segundo nome da coligação do PT, por considerá-lo fraco como artista, como figura pública e, principalmente, como vereador, sendo sua candidatura mero oportunismo eleitoral do PC do B. Sobrou votar na pequena esquerda, e entre PCO, PSTU, PV e PSOL, fiquei com o último. Ok, PV não é de esquerda, não nesse momento, concedo. Marta foi eleita, Marcelo Henrique, não.
Para presidente da República, votei em Dilma Roussef, porque estava satisfeito com o governo Lula e não via perspectivas reais de continuidade com melhoria nem em Serra, nem em Marina. Admiro Marina como figura pública, mas considerava impossível que ela governasse com a configuração de Congresso que se desenhava, e tinha sérias dúvidas sobre a formação de sua equipe, que, no final, é quem governa. Não considerei a hipótese de votar em José Serra porque, a despeito de respeitá-lo como figura pública e político tarimbado, entendi que sua coligação abrigava o que havia de pior e mais atrasado no conservadorismo brasileiro. Dilma foi eleita.
Não me arrependo de nenhum voto, porque papai dizia que só devemos nos arrepender do que não fizemos. Mas não estou seguro de nada, e entro em 2011 como um genuíno cidadão brasileiro, apto a cobrar resultados e exigir o cumprimento das plataformas dos nossos representantes. Espero poder continuar contribuindo com a democracia mesmo depois do final das eleições.
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