Um dos temas mais comentados durante toda a eleição foram as discrepâncias de números entre as principais pesquisas de opinião, o IBOPE, o Datafolha, o Sensus, o Vox Populi. Muitos dilmistas achavam os números do Datafolha e do Ibope incoerentes com a ascensão da candidata petista, mostrando saltos bruscos e vertiginosos. Os serristas consideravam o instituto Sensus e o Vox Populi como sem credibilidade, especialmente o último, por ter sido o que mais distante ficou do resultado de urna do primeiro turno.
Vamos aos fatos. O primeiro turno apresentou, em seu final, um quadro de queda da candidatura Dilma e de ascensão da candidatura Marina. Esse quadro se acentuou nos últimos dias, e os institutos mostram tendências, não resultados efetivos. Todos os institutos mostraram essa tendência, embora nenhum deles tenha conseguido prever onde ela acabaria. No resultado final das urnas, houve uma surpresa, mas nada que não estivesse sendo detectado, inclusive como possibilidade real, pelas pesquisas.
Muitos aproveitaram esse momento para desqualificar e vilipendiar os institutos de pesquisa. Curiosamente, uma semana depois, estavam os dois lados da briga lá, em frente à telinha, esperando ansiosamente as novas informações advindas das fontes que desqualificaram.
O segundo turno mostrou um índice de acerto muito maior das pesquisas. Umas acertaram em cheio, outras dentro da margem de erro. Institutos de pesquisa vendem credibilidade, e não podem errar de forma grosseira em hipótese nenhuma. Pode ser que uma ou outra pesquisa tenha tido um acerto aqui, ou um erro ali, mas os institutos não podem manipular tão descaradamente a informação, sob pena de perderem o cliente, que quer dados confiáveis.
No geral, os institutos acertaram, como era de se esperar. Na maioria das vezes, eles acertam.
O que me chamou a atenção, entretanto, foi a exagerada relevância dada pela mídia e pelas equipes e apoiadores dos candidatos às pesquisas de opinião. Os marqueteiros pautaram nelas a propaganda política, inclusive as guinadas ideológicas, o que eu considero absurdo. Pesquisas indicam tendências, mas candidatos não são meros produtos do mundo do espetáculo. Há muito mais em jogo que a adequação aos padrões psicológicos imediatos do inconsciente coletivo. Dois anos antes da eleição, a Folha publicava pesquisas com José Serra na frente. Que importância tem a posição de um candidato numa pesquisa realizada dois anos antes da eleição? A um mês da eleição, Dilma estava com o dobro dos votos de Serra nas pesquisas, e o PT considerava a eleição ganha. Quem pode vencer uma eleição um mês antes? E, acima de tudo isso, que raio de postura política é essa que não confia nos próprios valores, tentando reencapá-los cada vez que um sinal de derrota é evidenciado?
A única pesquisa que tem valor definitivo é a da urna. As outras receberam mais atenção que essa, injustamente.
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