sábado, 14 de maio de 2011

Viva a gente diferenciada!

Eu tenho um blogue semi-inativo chamado Ação Direta Inteligente. Nele, posto, de quando em quando, informações sobre protestos e mobilizações que utilizam recursos simbólicos, artísticos e estéticos para expressar as ideias defendidas. Acredito piamente que esse deveria ser o futuro de todas as manifestações políticas na era da informação. Quando aluno da Letras, nossa greve estudantil, usando desses expedientes, alcançou a mídia e a população, foi um sucesso total; quando partimos para o enfrentamento físico tradicional, perdemos força, e a paralisação teve de acabar. Eu vivenciei isso, eu vi, eu testemunhei; não restam dúvidas para mim de que o caminho é a sensibilidade, a inteligência, a criatividade.
Por essa razão, eu não poderia deixar de mencionar aqui neste blogue a imensa alegria que senti ao ver um protesto tão inteligente, sacado e irônico quanto o que aconteceu hoje, bem perto da minha casa. Eu estava totalmente por fora da discussão sobre o metrô, mas hoje, aqui na região, todos só falavam sobre isso. O "Churrascão da Gente Diferenciada" foi genial! Chamou a atenção para a violência simbólica e econômica por meio da ironia e da ocupação pacífica de um dos símbolos da elite não-diferenciada paulistana. Lamento ter sido hoje, justo hoje, que tenho de estudar para uma prova de seleção para pós-graduação na segunda-feira.
Minha posição é bastante simples, e divide-se em dois raciocínios. Primeiro: mais metrô, menos carros, mais acesso para quem trabalha na região. Segundo: administração pública de uma cidade ou de um Estado responde aos interesses da população como um todo, e, se esses interesses entram em conflito com interesses de setores, a decisão deve contemplar o bem público e o que for melhor para o maior número de pessoas possível.
Quanto ao preconceito escancarado, ao favorecimento descarado dos interesses dos ricos, à presunção cínica de naturalizar diferenças sociais e processos de exclusão, tudo isso merece um churrascão mesmo: com ironia, com gozação, com carnaval, com todos os recursos desestabilizadores do conservadorismo que põe as asinhas para fora.

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