sábado, 10 de janeiro de 2009

Tenho uma concepção de fé que independe de religiões ou cultos. Para mim, ter fé é acreditar em algo que tem remotas probabilidades de acontecer ou de existir. De acordo com essa concepção, a fé seria algo que contraria a razão e o senso comum, e não algo que os complementa. Ter fé, nesse sentido, é sempre, de alguma forma, ter coragem, e levar adiante o que parece insensatez ou desatino.
Quando eu fazia terapia (fiz com orgulho e acho que todo mundo deveria experimentar, pelo menos) fui avisado de que precisava dar mais atenção à minha intuição, e confiar mais em Deus. De fato, não sou nada resolvido em relação a minha espiritualidade. Graças à formação cética, tento encontrar explicações, comprovações e, na falta de ambas, pelo menos evidências das coisas que tenho como certas.
Acontece que, na minha trajetória, vivi experiências incompreensíveis para esses padrões de pensamento, o que me fez uma pessoa indecisa em relação às minhas crenças mais profundas. Devo admitir que em 90% das situações que me vêm à mente hoje não estive em condições de dizer com segurança qual era o caminho mais provável segundo as regras da razão, e me arrependo de não ter dado ouvidos àquela voz fraca, profunda e certeira que se confundia com meu silêncio.
Não importa se provavelmente Deus não existe. Não importa se o que considero como princípio limita o que os outros consideram como sucesso. Não importa quanto tempo levo para aprender as coisas que pessoas iluminadas parecem saber desde que nasceram. Eu acredito em Deus, em mim, na vida. E eu sou daquelas pessoas que precisam de um "algo mais" para se levantarem da cama todo dia e se disponibilizarem para este mundo tão sem sentido. Todos os momentos da minha existência que considero grandiosos e felizes estavam impregnados do perfume desse "algo mais". E eu preferiria passar o resto de meus dias embebido dessa essência misteriosa a ser capaz de decifrá-la com o distanciamento próprio da racionalidade.

Escrevo essas coisas meio etéreas inspirado pelo filme "Carruagens de fogo", que acabei de assistir, e do qual extraí como mensagem-síntese: "aquele que Me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante do Pai".
Ainda vou pensar muito no sentido dessa frase.

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