quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

No show de Glenn Hughes. Valeu por ele.

Admiro de coração as pessoas que guardam um montante considerável de energia vital para os anos da maturidade. Acabo de voltar do show de Glenn Hughes, ex-baixista de Deep Purple e ex-vocalista do Trapeze. Não sei a idade dele, 50, 60, algo assim. O que me impressiona é a excelente forma física que ele demonstra ter, que se reflete no vocal afiadíssimo (talvez o mais espetacular que já vi ao vivo), na pulação praticamente constante no palco e na vivacidade com que empunha seu baixo e faz malabarismos musicais.
Aos 35 anos, eu confesso que não consigo mais entrar nesse clima. Fui para ouvir a voz de Hughes e conferir sua técnica apurada. Isso fiz, e valeu o ingresso. Mas não pulei, não chacoalhei a cabeça, não achei graça nas pessoas caindo de bêbadas e chapadas, não tive estômago para as latinhas de cerveja nojentamente abandonadas no chão e o banheiro já mais do que asqueroso a partir da segunda metade do show. Não tenho mais esse espírito de aventura, de tolerância com o incômodo, de desencanação e mergulho na onda rock'n'roll. Para mim, foi bom poder ficar encostado na parede, mãos dadas com minha namorada, vendo o que rolava no palco e ouvindo a boa música que acontecia. Tudo o mais atrapalhava: as pessoas gritando (aliás, acho incrível alguém pagar para ver um dos maiores vocalistas de todos os tempos e ficar gritando enquanto ele canta), a fumaça assassina de narizes, o cheiro de bebida que começa a impregnar no decorrer da noite, os indivíduos que vão perdendo a noção de que você também quer ver o palco. Não sirvo mais para esse tipo de programa. Tive essa impressão no show do Radiohead e confirmo-a agora.
O que foi divertido, além de andarmos meia Faria Lima para não chegarmos atrasados, foi ter tido excelente companhia para a empresa e ter podido usufruir da beleza das músicas de cuca limpa, sorvendo cada acorde, cada agudo, cada falsete, cada solo. Saldo positivo, no fim das contas.

Só para pontuar e não ser injusto: grande show de abertura do Casa das Máquinas. Mas deviam ter tocado mais da fase progressiva deles. Seria melhor ainda.

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