sábado, 27 de dezembro de 2008

Minha sobrinha

Passei o Natal na casa de mamãe. Era madrugada, e eu durmo normalmente bem tarde. Minha mãe queria que víssemos um filme chamado "Questão de honra", e eu topei.
Sentamos no sofá enquanto minha sobrinha, desinteressada daquela trama, saiu para a cozinha. Lá pelas tantas, melindrosamente perguntei à minha mãe se tinha chá. Ela disse que sim, e ficou por isso mesmo. Lá da cozinha, entretanto, minha sobrinha ouviu a indagação. Vinte minutos depois, enquanto rolava um intervalo do filme, ela me aparece com uma xícara de chá mate, já doce.
- Eu que fiz. Está gostoso?
Nossa, estava ótimo! Mais gostoso que o chá era ver uma menina de apenas 12 anos esforçando-se para ser prestativa e gentil. Fiquei comovido.
Minha sobrinha se parece muito comigo, em gostos, em hábitos, até fisicamente, a ponto de alguns perguntarem se é minha filha. Como não tenho filhos, ela é o que mais perto chega disso. Mas ela tem algumas melhorias em relação a mim. É mais loquaz, mais ousada, mais pura, mais criativa, mais desinibida. Não sei se as pessoas fazem idéia do orgulho que tenho dessa menina, e da felicidade que é vê-la crescer tornando-se uma pessoa boa, sensível, humana, generosa. Não tenho acompanhado esse crescimento, pois moro longe, mas quando posso perceber seus sinais, fico tocado.
Eu demorei muitos anos para enquadrar meu individualismo e aprender a gostar de servir e oferecer o meu melhor para a felicidade de alguém. Como professor, nem sempre posso agir assim. A profissão nos obriga a ser um pouco duros e as condições de trabalho nos impõem certas necessidades de auto-proteção. Ainda assim, fui aprendendo com o tempo a ser mais doce, mais maleável, menos atento aos problemas e mais atento às pequenas bondades do cotidiano escolar. Talvez por isso me seja tão importante valorizar a gratidão e a generosidade quando as reconheço nas espontaneidades dos que me rodeiam. Talvez elas sejam a grande fonte de argumentos para minha insistente máxima de que a vida tem de valer a pena, qualquer que seja a história que a enforme.

Um comentário:

manu gomes disse...

aiiii que lindo!
mulher é tudo boba mesmo, sempre fica amolecida com depoimentos masculinos tão carinhosos em relação às crianças. Mais uma vez super me identifiquei, tenho 3 sobrinhos lindos, aliás acabei de batizar o mais novinho hoje. A mais velha, de 9 anos, também se parece comigo em vários sentidos, mas claro que uma versão bem melhorada...rs...ela adora dançar, desenhar, organizar mini-eventos, super criativa, enfim, sou beeeeem coruja. Mas eles também moram longe, muito longe :(
Mesmo que a distância, vou vivenciando essa experiência do amor incondicional, que um dia, se Deus quiser, viverei com os meus filhos...é lindo né!rs :)